Manifestação ocorre em um momento crítico para a cidade. Há quase dois meses Santarém vem sendo encoberta pela fumaça, consequência direta de queimadas que afetam a qualidade do ar, a saúde pública e o equilíbrio ambiental na região

Por Adison Ferreira

Moradores de Santarém, no oeste do Pará, lotaram as ruas da cidade, na tarde desta segunda-feira, 02/12, para denunciar o cenário de crise climática provocada pela ampliação da estiagem e das queimadas que atingem a região há quase dois meses. A mobilização “Marcha Pelo Clima”, organizada pela Frente Pelo Clima Santarém, percorreu diversas ruas do município.

A manifestação iniciou em frente ao Centro Regional de Governo do Oeste do Pará e seguiu até a Praça do Pescador, no centro da cidade. O ato reuniu lideranças indígenas, quilombolas, ambientalistas, movimentos sociais e organizações da sociedade civil para reivindicar ações imediatas e concretas do poder público para combater as queimadas e mitigar os impactos da crise climática no oeste paraense.

Manifestantes reivindicam medidas efetivas para a crise climática na região (Foto: Marta Silva/ Tapajós de Fato)

“Essa marcha é um apelo para os governos, para a sociedade e para o mundo de que precisamos de medidas efetivas para a crise climática. Além disso, é uma demonstração da mobilização dos povos da Amazônia, uma demonstração de que reexistimos na diversidade”, afirma Pedro Martins, educador popular e membro da Cúpula dos Povos, uma das organizações que compõe a Frente pelo Clima Santarém.

A “Marcha Pelo Clima” ocorre em um momento crítico para a cidade. Há quase dois meses Santarém vem sendo encoberta pela fumaça, consequência direta de queimadas que afetam a qualidade do ar, a saúde pública e o equilíbrio ambiental. “A manifestação é um ponto importante para fortalecer a luta por justiça climática. Precisamos de medidas efetivas de adaptação aos eventos extremos na Amazônia e defesa dos territórios com soberania e segurança alimentar”, destaca Pedro.

Moradores de Santarém cobram a proteção das florestas e a demarcação de terras indigenas (Foto: Marta Silva/ Tapajós de Fato)

Na última semana, o Índice de Qualidade do Ar registrado no município foi considerado péssimo. Devido a esse cenário, que tem provocado diversos problemas respiratórios na população, a Prefeitura de Santarém decretou estado de emergência ambiental no dia 25 de novembro.

A Frente Pelo Clima Santarém destacou que, além de alertar para os riscos imediatos causados pelas queimadas, a marcha também reafirma a necessidade de uma política pública de proteção ambiental mais robusta e de maior fiscalização para evitar a destruição de áreas de floresta e o aumento das emissões de gases de efeito estufa.

Para Raquel Tupinambá, uma das organizadoras da marcha e integrante do Conselho Indígena Tupinambá do Baixo Tapajós (CITUPI), a manifestação é uma forma de pressionar o governo sobre a atuação de políticas socioambientais efetivas na região.

“Ano que vem temos uma COP que será realizada aqui no Pará. Mas na prática pouca coisa tem sido feita em relação à proteção da Amazônia. Isso evidencia que o governo do estado e o governo federal, não têm políticas públicas eficientes quando se fala da defesa das florestas. Então precisamos trabalhar junto, governo, sociedade civil e pensar em políticas públicas que realmente sejam eficientes, que possam realmente fazer sentido para a população”, ressalta Raquel.

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Foto de capa: Marta Silva / Tapajós de Fato