
A COP30 não será apenas um encontro de líderes, mas um verdadeiro festival de vozes, onde as organizações da sociedade civil terão um papel fundamental.
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Por Antônio Laranjeira
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Para compreender a dimensão dos coletivos e organizações da sociedade civil organizada sediados em Belém e que atuam nas áreas socioambiental e promoção ao debate sobre clima, a agência Carta Amazônia criou o Mapa do ativismo socioambiental da COP30. A proposta é conectar o público com a diversidade de grupos e organizações localizados na capital do Pará, mostrando como o ativismo local e global se unem para pautar a agenda climática. A seguir, detalhamos os principais eixos que foram destacados no levantamento.
ONGs locais de Belém: a vanguarda da defesa amazônica
O coração do ativismo na COP30 em Belém será, sem dúvida, o trabalho das organizações locais. Elas representam a voz de quem vive na linha de frente dos desafios ambientais e sociais. O mapa destaca grupos que atuam em áreas cruciais, como a defesa dos direitos dos povos tradicionais, a promoção da sociobioeconomia e a recuperação de áreas degradadas.
Entre as entidades locais que atuam em defesa da floresta em pé, o Instituto Floresta Tropical Johan Zweede (IFT) é um dos principais exemplos. Com 30 anos de atuação, a instituição é uma referência internacional em disseminação e aprimoramento do manejo de florestas naturais na Amazônia. Ao longo de três décadas, o IFT já qualificou mais de 8 mil pessoas na área de manejo florestal e acumula diversos projetos de fomento à agroecologia e ao manejo florestal comunitário familiar em unidades de conservação da Amazônia.

Outro exemplo de “prata da casa” que faz toda a diferença na defesa e conservação do bioma amazônico é o Instituto Peabiru. Com mais de 20 anos de história, a ONG tem como missão fomentar o protagonismo de grupos sociais da Amazônia para a promoção do pleno acesso aos seus direitos fundamentais. Com sede em Belém, Pará, a entidade trabalha atualmente com projetos em três regiões estratégicas do Pará: a Grande Belém, o Marajó e o Nordeste Paraense.
E quando o assunto é o monitoramento do desmatamento de maneira independente do governo, a maior referência do país também nasceu em Belém. Fundado em 1990, o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) é reconhecido internacionalmente pela promoção do desenvolvimento sustentável na Amazônia brasileira por meio de estudos, apoio à formulação de políticas públicas, disseminação ampla de informações e formação profissional.
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ONGs Nacionais e da Amazônia: a ponte entre o local e o nacional
Além das organizações locais, Belém receberá o peso do ativismo nacional, com ONGs que atuam em todo o Brasil e que têm na Amazônia seu principal foco de trabalho. A presença delas é estratégica para dar escala às pautas regionais e conectar as discussões de Belém com as políticas públicas em âmbito nacional.
Entre os exemplos catalogados no mapa estão iniciativas como o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), uma organização civil, sem fins lucrativos, voltada para a capacitação e formação de pessoas ligadas à conservação ambiental. Com sede em Brasília (DF), o IEB possui também escritórios regionais instalados em Belém (PA) e Humaitá (AM), com atuação permanente nos Estados do Pará, Amazonas e Amapá.
Outro organização em destaque no levantamento do Carta Maps é o IPAM – Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, uma organização científica, não governamental, apartidária e sem fins lucrativos que desde 1995 trabalha pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia. Além de Belém, o IPAM também possui escritórios em Brasília (DF), Rio Branco (AC), Altamira (PA), Itaituba (PA), Santarém (PA), Canarana (MT) e Cuiabá (MT).
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ONGs internacionais e suas “casas” na COP30: o cenário global em Belém
Uma das características mais notáveis das COPs é a presença de organizações internacionais, que montam suas sedes temporárias para a conferência. Essas “casas” são pontos de encontro, debates e eventos paralelos, e seu mapa poderá detalhar a programação de cada uma.
A Conservação Internacional (CI-Brasil) e a The Nature Conservancy (TNC), duas das maiores ONGs de conservação ambiental do mundo, estarão à frente do espaço Belém+10: Clima, Natureza e Desenvolvimento. A iniciativa tem como missão ser um espaço plural que fomenta diálogos entre a sociedade civil global, líderes de governos nacionais e subnacionais e a iniciativa privada para a construção de soluções. O pavilhão terá 150 metros quadrados na Zona Verde da COP30, com rodas de conversa, exposições, apresentações culturais e sala de reunião para encontros agendados. O espaço também conta com o apoio do Instituto Clima e Sociedade (ICS), organização brasileira que é referência em projetos de enfrentamento das mudanças climáticas e soluções sustentáveis.
A Inter-American Dialogue, uma organização norte-americana, sediada Washington, referência de fomento à redes de cooperação e ação de inclusão social e desenvolvimento sustentável nas Américas, também terá uma casa durante a Conferência Mundial do Clima, em Belém. A Casa Diálogo será o principal espaço do Inter-American Dialogue na COP30. O local reunirá lideranças empresariais, acadêmicas e representantes da sociedade civil a fim de conectar o conhecimento técnico e científico produzido por instituições de excelência com as práticas e experiências locais, ampliando a compreensão global sobre a importância da Amazônia para o equilíbrio do planeta e fortalecendo pontes entre governos, setor privado e comunidades.
Outro exemplo de organização internacional que estará com uma casa na sede da COP30 é a Alianza Socioambiental Fondos del Sur. A Aliança reúne fundos socioambientais independentes de todo o Sul Global para financiar projetos de conservação de florestas e proteção de lideranças do ativismo socioambiental ameaçadas. A organização é responsável pela Casa do Sul Global, uma iniciativa promovida junto com a Rede Comuá e em parceria com a Rede de Fundos Comunitários da Amazônia Brasileira e o movimento #ShiftThePower. O objetivo é incidir nos debates sobre financiamento para clima e natureza, promovendo uma lógica mais justa e descentralizada, transformando o financiamento em uma ferramenta de justiça socioambiental para comunidades dos territórios do Sul Global.
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Casas de fomento ao debates sobre sustentabilidade e organização coletiva
O mapeamento também destaca os espaços de programações independentes e conteúdo de qualidade para mergulhar fundo nas temáticas de sustentabilidade e mudanças climáticas. Entre as iniciativas podemos citar:
Casa Futura – o espaço é uma iniciativa da Fundação Roberto Marinho, por meio do Canal Futura. A proposta da casa é promover encontros e diálogos sobre educação, cultura e clima em Belém. Durante três meses, o local sediará uma série de atividades produzidas em parceria do Canal Futura com organizações locais.

Casa Maraká – organizada pelo Coletivo Mídia Indígena, em Belém, a casa funciona como um centro de comunicação popular e indígena que abriga redação, salas de produção audiovisual, galeria de arte com curadoria de artistas indígenas e auditório com capacidade para mais de 400 pessoas.
Casa IPÊ – o espaço é uma iniciativa do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas em parceria com as Havaianas e a Sol de Janeiro. O local concentra diversas atividades do instituto durante a COP30, em Belém. Fundado em 1992, o IPÊ é uma organização não governamental brasileira que atua com ações de conservação socioambiental em diversos biomas do país.

Casa da Sociobioeconomia – principal espaço da Conexsus durante a COP30, a Casa da Sociobieconomia é um local de fomento à negócios de impacto socioambiental, sobretudo os de base comunitária, para ampliar a sua contribuição para a geração de renda no campo, conservação de biomas ameaçados e manutenção da floresta em pé. A iniciativa pretende ser um ponto de encontro de lideranças comunitárias, organizações da sociedade civil, governos e financiadores que reconhecem a sociobioeconomia como caminho essencial para enfrentar a crise climática e promover o desenvolvimento sustentável na Amazônia.
Amazon Climate Hub – a Amazon Climate HUB é uma iniciativa do Instituto Internacional Arayara. O espaço concentra diversas atividades sobre justiça climática e contará com uma programação gratuita durante a COP30. . A ideia é atrair ONGs, lideranças indígenas, governos e pesquisadores e estimular a convivência entre tecnologia e ancestralidade, ciência e política.
Casa das ONGs – o espaço é uma iniciativa da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong), com participação da Rede Cardume de comunicação. A proposta busca promover debates entre organizações da sociedade civil durante a COP30, desenvolvendo estratégias coletivas de atuação e pautando as necessidades para o próximo período. Segundo os organizadores, a ideia é criar um local de socialização entre sociedade civil, formadores de opinião, imprensa e financiadores.

Casa Cúpula dos Povos – a casa funciona como um ponto de encontro, articulação e construção coletiva para movimentos sociais e populares que integram a Cúpula dos Povos, marcada para ocorrer entre 12 e 16 de novembro de 2025, no campus da Universidade Federal do Pará (UFPA), em paralelo à COP30.
Confira o mapa e conheça essas e outras importantes iniciativas de grupos e organizações que promovem o fomento à conservação ambiental, através de encontros e diálogos sobre educação, cultura e clima, na capital do Pará.
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Carta Maps
O Carta Maps COP30 é um projeto da agência Carta Amazônia realizado em parceria com o site Notícias do Pará e com o apoio institucional da Ajor (Associação de Jornalismo Digital) e da organização Repórteres Sem Fronteiras.
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Edição: Adison Ferreira
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Crédito da capa: António Laranjeira/ Reprodução Carta Maps
*Este conteúdo foi produzido: 1) coletivamente por meio de trabalho remoto (Google Workspace), 2) baseado em mapas personalizados com curadoria do conhecimento local (Google My Maps), 3) conforme dados de visitantes coletados de modo on-line (Google Maps); 4) e amparado por recursos de inteligência artificial supervisionada por humanos (Gemini e Notebook LM).
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