Governo Federal minimiza alerta da ONU. Até o momento, apenas 71 das 196 delegações interessadas confirmaram suas reservas para a Conferência, Mundial do Clima, na capital paraense

O secretário-executivo da Convenção do Clima da ONU (UNFCCC), Simon Stiel, recomendou oficialmente que as agências das Nações Unidas e outras organizações especializadas reduzam o tamanho das suas delegações que irão à Conferência Mundial do Clima, em Belém. A orientação foi enviada na última terça-feira, 09/09. No documento, Stiell ressalta que, diante das restrições de capacidade de hospedagens na capital do Pará, as delegações devem ser revistas e reduzidas “sempre que possível”.

“Tendo em vista as limitações de capacidade em Belém, gostaria de solicitar gentilmente que os chefes do sistema das Nações Unidas, agências especializadas e outras organizações relevantes revisem o tamanho de suas delegações na COP 30 e reduzam o número de delegações sempre que possível”, afirma o secretário executivo.

O alvo principal do alerta são os chamados overflow badges, credenciais extras frequentemente usadas para incluir assessores, técnicos e convidados que não fazem parte do quadro oficial da agência. Nesse segmento estão consultores, técnicos e até convidados que acompanham as delegações, mas que não são funcionários da ONU.

No documento de recomendações, Simon Stiel cita “limitações de capacidade” na capital do Pará (Foto: Andressa Anholete/ Reuters)

Em conferências anteriores, esse grupo cresceu de forma acelerada. Só no COP29, em Baku, mais de 14 mil pessoas entraram com esse tipo de crachá. Como alternativa, a ONU promete ampliar a participação virtual, permitindo que parte das equipes acompanhe as negociações a distância.

Governo Federal minimiza crise de hospedagem

No mesmo dia em que Simon Stiel anunciou o pedido de redução de delegações, devido as dificuldades em hospedagem em Belém, o presidente Lula afirmou, durante uma visita em Manaus, que os altos preços de hospedagem não vão comprometer a realização da conferência. Lula ressaltou que o governo federal está empenhado em garantir infraestrutura adequada para a COP e que a escolha da capital paraense foi estratégica.

“Quando eu decidi reivindicar a COP para a cidade de Belém, eu já conhecia Belém há muito tempo. Mas eu resolvi fazer a conferência em Belém porque é preciso fazer a COP no coração da Amazônia, com as facilidades e as dificuldades que a Amazônia apresenta”, afirmou.

A declaração do chefe do executivo está alinhada com o anúncio feito pela Presidência da COP30, em agosto deste ano, após uma reunião com Bureau da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), órgão de governança interna que dá suporte às Conferências das Partes (COPs). Na ocasião, o governo federal divulgou a criação de uma força-tarefa para solucionar a crise de hospedagem causada pelos altos preços na cidade.

O Brasil reafirmou que Belém possui capacidade de hospedagem para a realização da conferência, com uma oferta total de 53 mil leitos, número superior à estimativa de 50 mil participantes do evento.

Essa estrutura, segundo a Presidência da COP30, inclui hotéis de diferentes categorias, imóveis privados cadastrados e regulamentados, dois navios internacionais de grande porte (operados pelas empresas MSC Seaview e Costa Diadema) e acomodações específicas voltadas para povos indígenas, juventude e sociedade civil, garantindo diversidade, acessibilidade e previsibilidade para todas as delegações e perfis de público.

Até o momento, apenas 71 das 196 delegações interessadas confirmaram suas reservas. Desse total, 39 foram feitas pela plataforma oficial e as outras foram negociadas diretamente com a rede hoteleira. Entre as delegações que já confirmaram estão presença em Belém estão Japão, Espanha, Noruega, Portugal, Arábia Saudita, Egito, República Democrática do Congo e Singapura.

___________________________________

Foto de capa: Alexandre Costa/ Ag. Pará