Os jornalistas Adison Ferreira, Eraldo Paulino e Cecilia Amorim lançaram, nesta terça-feira (19), no Espaço Cultural Manoel Amaral, em Belém, a agência de comunicação Carta Amazônia. A iniciativa atua com produção de conteúdo e serviços pautados na agenda socioambiental e no fortalecimento do jornalismo local e das multivozes da região amazônica.
Para celebrar o lançamento da agência, os cofundadores promoveram a festa Kizomba. A palavra de origem kimbundo, uma das línguas de Angola, significa encontro e confraternização. “Kizomba também pode ser traduzida como festa do povo, já que é um nome originado nas danças dos negros que resistiram à escravidão. Além do fator de congregação, Kizomba também pode ser lida como resistência. Tudo a ver com a proposta da Carta Amazônia que é a celebração de um empreendimento negro, pautado com muita consciência de quem somos, de onde viemos e do que queremos construir para o nosso território”, ressalta Cecilia Amorim.
De podcast à agência de comunicação
Atualmente a agência possui três principais frentes de atuação: um portal de notícias, um podcast e o curso de formação “Escola Carta Amazônia de Jornalismo”. Além de reverberar a pauta socioambiental e a importância da justiça climática em diversos conteúdos e projetos de educomunicação, a Carta Amazônia também se apresenta como uma iniciativa afroamazônida, liderada por jornalistas negros e de origem periférica.
“Falar de Amazônia é falar de vários assuntos ao mesmo tempo. De política à meio ambiente, de cultura à economia, todos esses temas atravessam a temática Amazônia e mostram o tamanho da diversidade de assuntos relacionados a essa região. Mas além disso, é importante demarcar politicamente esse lugar de onde falamos. Somos uma agência pensada e fundada por pessoas negras, que trabalha e atua num território historicamente marginalizado e estereotipado por parte do Brasil, principalmente do centro-sul. Por isso, fazemos questão de reforçar quem somos e que fazemos jornalismo socioambiental afroamazônida”, explica Eraldo Paulino.
Os primeiros rascunhos da agência Carta Amazônia foram pensados em junho de 2020. Na época, Adison Ferreira, Eraldo Paulino e o Felipe Melo, que deixou o projeto em 2023, iniciaram um podcast dedicado aos temas política, meio ambiente e modo de vida amazônico. “Com o passar do tempo, a produção de conteúdo do podcast cresceu e junto com ela, a nossa ideia de criar um veículo de comunicação independente. Mas esses rascunhos só se transformaram em traços mais consolidados mesmo em 2023, com a chegada da Cecília Amorim, que foi fundamental para transformar esse sonho em realidade”, destaca Adison.
Os cofundadores da agência já somam quase 15 anos de experiência profissional dentro e fora da região Norte. Adison foi repórter do Diário Pará, Agência Pará, O Liberal e assessor de comunicação de duas Usinas Hidrelétricas na Amazônia. Atualmente realiza consultoria em comunicação socioambiental para as ONGs Instituto Floresta Tropical, em Belém (PA), e IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, em Nazaré Paulista (SP).
Eraldo já atuou na redação do Diário do Pará e nas assessorias de comunicação da Cáritas Diocesana de Crateús (CE) e do Movimento Xingu Vivo para Sempre, em Altamira. Atualmente realiza consultoria em comunicação para o Conselho Regional de Serviço Social (CRESS) e diversas entidades do terceiro setor em Belém.
Cecilia acumula experiências como produtora no jornal Diário do Pará e rádio Marajoara, em Belém, e repórter do jornal Diário da Manhã, em Goiânia. Hoje, além de coordenar os projetos de educomunicação da agência, atua como roteirista de documentários e assessorias de comunicação do terceiro setor.
Durante a festa de lançamento, os cofundadores da agência apresentaram o plano de negócios do empreendimento e destacaram os conteúdos e serviços produzidos nos últimos anos. Somente em 2024, foram realizados a “Escola Carta Amazônia de Jornalismo Socioambiental”, o guia “Pratinho firmeza” e o projeto “Diversidade nas Redações 3”, em parceria com Énois Laboratório de Jornalismo, que possibilitou a criação de uma plataforma de checagens de fatos, o “Verifica Belém” e a promoção de oficinas sobre combate à desinformação nos formatos online e presencial.
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Foto de capa: Harrison Lopes