Dados apresentados nesta quarta-feira (1) pelo Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) revelam que outubro teve o maior número de focos de calor na Amazônia para o mês desde 2008. As informações do INPE mostram 22.061 focos de calor no bioma, em meio a um cenário de seca histórica na região que vem afetando milhares de pessoas.
O Pará (41,5%), o Maranhão (15,6%) e Amazonas (14,1%) registraram o maior número de focos de calor nos estados da Amazônia Legal. “O número surpreendente de focos na Amazônia tem como facilitador a seca severa que se instalou na região. No entanto, muitas áreas queimam como parte do processo de desmatamento e na reforma de lavouras e pastagens. Nos últimos anos, grandes porções de floresta foram desmatadas e não queimadas, o prolongamento e intensificação do período seco é propício para concretizar tais atividades” explica Cristiane Mazzetti, porta-voz do Greenpeace Brasil.
Focos de calor são pontos geográficos captados por satélites de monitoramento – esses pontos apresentam temperatura acima de 47ºC e área mínima de 900 m², ou seja, são fortes indicadores de incêndios ou queimadas.
Pará lidera o número de queimadas na região
O estado do Pará registrou o segundo pior mês de outubro da série histórica, perdendo apenas para outubro de 2008. Já os estados do Amazonas e Acre bateram recorde: registraram o maior número de focos para outubro de toda a série, iniciada em 1998. Vale também mencionar que a cidade de Manaus está encoberta há dias pela fumaça das queimadas e incêndios.
Entre os municípios que concentraram o maior número de focos de calor estão Portel (PA), com 859 focos, e Lábrea (AM), com 515 focos. Sete, dos 10 municípios com mais focos, estão no Pará.
Segundo o Greenpeace Brasil, o verão amazônico, período onde o clima mais seco favorece a ação de criminosos para o desmatamento e as queimadas, foi potencializado pelo fenômeno climático El Niño, causado pelo aumento das temperaturas do oceano Pacífico, e por um clima ainda mais quente que o normal. Isso aumentou o período com condições propícias para as queimadas criminosas no bioma, alimentando um ciclo destrutivo que ameaça a integridade das florestas, de seus povos e de toda a vida no planeta.
É importante ressaltar que o desmatamento é a principal fonte de emissões de gases do efeito estufa (GEE) no Brasil. Relatório do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) aponta a categoria “mudança do uso da terra” como responsável por 49% das emissões do país para o ano de 2021. E a piora das mudanças climáticas significa aumento de intensidade e frequência de eventos climáticos extremos, como secas severas, inundações e deslizamentos, episódios que têm sido cada vez mais recorrentes em todo o mundo.
O cenário combinado de incêndios, seca e fumaça na Amazônia evidencia a crise tripla que vivemos com o agravamento da urgência climática, perda de biodiversidade e também a poluição do ar, com impactos na saúde das pessoas.
“Esse cenário já era previsto, e mais ações poderiam ter sido direcionadas para prevenção, adaptação e resposta. O mês de outubro é um novo lembrete para que governos ajam rapidamente e com mais ambição, seja em ações emergenciais, ações para prevenção e controle dos incêndios e desmatamento e nas políticas de adaptação às mudanças climáticas.”, finaliza Mazzetti.
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Com informações do Greenpeace Brasil
Foto de capa: Victor Moriyama/Greenpeace/AFP