A 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), que ocorrerá de 11 a 24 de novembro, em Baku, no Azerbaijão, terá cobertura especial da agência Carta Amazônia. Através de uma parceria inédita com o comunicador Samuel Arara, idealizador do Tetepawa Comunica, a primeira rede de comunicadores indígenas do Acre, a Carta Amazônia estará na COP cobrindo e produzindo conteúdo exclusivo sobre o maior evento de discussão climática do mundo.
A participação do comunicador indígena Samuel Arara na cobertura da Conferência do Clima fortalece a presença dos povos originários no evento. Em 2023, a COP28, realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, contou com a maior participação indígena dentre todas as COPs da história, com 316 líderes de povos de diferentes regiões do planeta. Neste ano, as organizações indígenas internacionais pretendem manter essa meta e demarcar ainda mais a presença do protagonismo indígena nesse espaço de debate.
Natural da Terra Indígena Arara – Igarapé Humaitá, localizada no município de Porto Walter, no Acre, Samuel é uma voz atuante em debates sobre defesa da Amazônia e dos direitos dos povos originários. Coordenador da rede Tetepawa Comunica, ele defende que a comunicação indígena vai além de um meio de informação sobre os povos originários. Sua seleção para a COP29 ocorreu graças à sua atuação no movimento indígena e socioambiental da Amazônia.
Para o comunicador, sua participação na conferência é um chamado urgente para alertar o mundo sobre os efeitos das mudanças climáticas. “Minha presença na COP29 é mais do que uma necessidade, é um chamado urgente. A crise climática está queimando nossa casa enquanto o mundo assiste. A seca, a cheia, o fogo, a fumaça não são algo distante; são reais e acontecem agora. A juventude não é o futuro, é o agora. No Acre, também produzimos ciência e cuidamos das nossas florestas. Precisamos ser ouvidos e respeitados”, afirma.
Fator Trump
A COP29 tem como pauta principal o financiamento climático. A ONU tenta fechar um acordo com líderes globais sobre quanto dinheiro as economias ricas vão transferir – e de que forma – aos países mais pobres, para que possam enfrentar ou se adaptar aos frequentes desastres gerados pelas mudanças climáticas, debate que deve gerar maior acirramento entre as grandes potências após a notícia de volta de Donald Trump deve à Casa Branca em 2025, pois ele é um dos maiores negacionistas das pautas climáticas.
Com isso, a expectativa é que a influência da maior potência econômica mundial dificulte ainda mais acordos mais progressistas em qualquer pauta ambiental, gerando ainda mais dúvidas sobre quanto recurso deve ser empregado em ações para a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE), na tentativa de limitar o aumento do aquecimento global. A meta perseguida é a de que a temperatura da terra fique entre 1,5ºC e 2ºC acima dos níveis do período pré-industrial, até 2030. Mas essa conta deve ficar difícil de fechar, caso a extrema direita siga avançando no mundo, especialmente nas grandes potências globais.
Azerbaijão
Localizado entre a Europa e a Ásia, à beira do Mar Cáucaso, o Azerbaijão é habitado por 10,3 milhões de pessoas, predominantemente azeris. O país passou pelo domínio soviético, russo, otomano, persa e romano, resultando em um povo com diferentes influências culturais.
A economia é baseada na exportação de petróleo e gás natural, mas, na campanha para sediar a COP29, o governo do Azerbaijão se comprometeu com um plano de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 40% até 2050, e em aumentar a capacidade de energia renovável para 30% até 2030.
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Foto de capa: REUTERS/Aziz Karimov