Mais de 500 organizações nacionais e internacionais já estão mobilizadas para o encontro, realizado paralelamente à Conferência do Clima, em Belém. Evento deve reunir cerca de 15 mil pessoas para discutir agenda climática e justiça socioambiental

A agência Carta Amazônia assinou o Manifesto Político de Adesão à Cúpula dos Povos Rumo à COP30. O evento, que ocorrerá entre os dias 12 e 16 de novembro, em Belém, paralelamente à Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, reunirá povos indígenas, quilombolas, movimentos sociais e organizações do terceiro setor para discutir a agenda climática a partir do protagonismo da sociedade civil e da justiça socioambiental.

De acordo com os realizadores, mais de 500 organizações nacionais e internacionais já estão mobilizadas para o encontro, que é inspirado na Cúpula dos Povos da Rio+20, realizada em 2012. A iniciativa será estruturada em seis eixos principais, abordando temas como soberania popular, reparação histórica, transição justa, defesa da democracia, direito a cidades mais equitativas e o protagonismo das mulheres na luta socioambiental.

A expectativa é reunir cerca de 15 mil pessoas em um espaço autônomo que discutirá as medidas para conter a crise climática na perspectiva dos povos tradicionais, movimentos sociais e organizações com atuação histórica na convivência com os diversos biomas.

Segundo o documento, assinado pela Carta Amazônia, o objetivo da Cúpula é fortalecer a construção popular e convergir pautas de unidade das agendas socioambiental, antipatriarcal, anticapitalista, anticolonialista, antirracista e de direitos, respeitando suas diversidades e especificidades, por um futuro de bem-viver.

“No contexto atual, mais do que nunca, precisamos avançar em espaços coletivos que defendam a democracia e a solidariedade internacional, enfrentem a extrema direita, o fascismo, os fundamentalismos, as guerras, a financeirização da natureza e a crise do clima”, destaca um trecho do manifesto.

Leia na íntegra o manifesto da Cúpula dos Povos aqui

Para Eraldo Paulino, cofundador da Carta Amazônia, participar da Cúpula dos Povos é parte do modo de ser desse empreendimento afro-amazônico. “Antes de ser jornalista eu fui formado pelos movimentos de base, seja das CEBS, seja dos movimentos de origem popular. Depois, como repórter e assessor de imprensa, empregado de outras empresas, eu passei a ajudar a dar visibilidade a ações como essa. Poder colaborar hoje como militante e jornalista, de um veículo independente que ajudei a fundar, é reafirmar qual caminho, de qual lado eu e meus parceiros de Carta queremos estar”.

Além dos debates, a Cúpula dos Povos pretende pressionar a ONU e o governo brasileiro para restringirem a influência de lobistas da indústria de combustíveis fósseis nas negociações climáticas. Esse lobby tem sido crescente em edições anteriores da COP, como em Dubai (COP28) e Baku (COP29), onde representantes do setor foram incluídos nas delegações oficiais de diversos países.

Encontro será realizado nos dias 12 e 16 de novembro, em Belém. (Ilustração: Comunicação COP30)

Vida, direitos e territórios

O processo de criação da Cúpula dos Povos rumo a COP30 se iniciou em novembro de 2023, durante a 28ª Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas (COP), nos Emirados Árabes, em Dubai. Na ocasião, o presidente Lula recebeu da delegação brasileira a Carta da construção da Cúpula dos Povos rumo a COP30, que já anunciava sua constituição.

Realizada desde 1992, a Cúpula dos Povos se consolida como um espaço autônomo voltado à justiça social e ambiental, reunindo diferentes movimentos para fortalecer a articulação entre vida, direitos e territórios.

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Foto de capa:  Laís Alanna / MST-MA