Os participantes da Amazônia e da América Latina se unirão às mobilizações populares da Cúpula dos Povos e COP do Povo, reforçando o protagonismo das comunidades tradicionais e dos povos da floresta na agenda climática

Após cinco dias de mobilização em Santarém, caravanas da Amazônia e da América Latina, que integram a Aliança dos Povos pelo Clima, chegam neste sábado (1/11), em Belém, a bordo do KAMALUHAI, o Barco Cobra, para participar das programações da COP30 e da Cúpula dos Povos. A embarcação é formada por 200 representantes de comunidades e movimentos vindos das Amazônias do Brasil, Equador, Colômbia, além do México

A Aliança dos Povos pelo Clima é uma articulação internacional que reúne lideranças indígenas, quilombolas, extrativistas, ribeirinhas e juventudes urbanas de várias regiões do país em torno de um novo pacto coletivo pela justiça climática.

A travessia encerra o Encontro Global das Caravanas, realizado entre 26 e 30 de outubro, e marca o início das ações na Conferência Mundial do Clima.

Segundo os organizadores da caravana, os participantes se unirão às mobilizações populares da Cúpula dos Povos e COP do Povo, reforçando o protagonismo das comunidades tradicionais e dos povos da floresta na construção de uma agenda climática justa e inclusiva.

Lideranças Aliança dos Povos pelo Clima (Foto: Prai / Instituto Raoni)

Campanha “A Gente COBRA” e Boleto Climático

A travessia e o encontro em Santarém integram a campanha “A Gente COBRA – Financiamento Climático Direto para Quem Cuida da Floresta”, lançada na última terça-feira (28). A iniciativa propõe um novo paradigma para o financiamento climático: recursos diretos, desburocratizados e baseados na confiança com povos indígenas, comunidades tradicionais e populações que garantem a preservação dos biomas.

Entre as principais reivindicações estão a destinação de 50% dos recursos dos fundos climáticos diretamente a povos e comunidades tradicionais, a participação deliberativa nos conselhos de fundos como o Tropical Forests Forever Facility (TFFF) e o Fundo de Perdas e Danos (FRLD), o fortalecimento de fundos comunitários autônomos e a taxação global das grandes fortunas e lucros excessivos para financiar a ação climática.

Nas redes sociais, a campanha destaca histórias e demandas dos povos e comunidades que cuidam da floresta, conectando diferentes territórios e reforçando a mensagem: é hora de reconhecer e financiar diretamente quem cuida da floresta e dos biomas para garantir o equilíbrio do clima. A jornada da Aliança na COP30 também será acompanhada nas redes da articulação (@aliancadospovospeloclima), com conteúdos sobre juventudes, arte e mobilização popular.

No último fim de semana, a campanha ganhou as ruas e rios de Brasília, São Paulo, Recife, Volta Grande do Xingu e Santarém com a ação “Boleto Climático”, uma intervenção pública com boletos gigantes de até 8 metros de largura e valor simbólico de US$ 1 trilhão, representando a dívida histórica do Norte Global com os povos e territórios do Sul. A data de vencimento – 525 anos – faz referência ao tempo desde o início da colonização das Américas. A ação mobilizou passantes e ampliou o debate sobre quem deve pagar a conta da crise climática, conectando arte, política e mobilização popular.

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Foto de capa: Abner Pamareg Suruí.

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