Territórios Indígenas Munduruku e Yanomami são os mais atingidos pelo avanço da mineração ilegal em áreas protegidas pela União

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), 72% de toda a atividade de garimpo realizada na Amazônia – entre janeiro e abril de 2020 – ocorreu dentro de áreas protegidas como Terras Indígenas e Unidades de Conservação Ambiental. Através da análise dos dados de satélite foi possível constatar – apenas nos 4 primeiros meses do ano passado – um aumento de 58% no desmatamento provocado por garimpos na Terra Indígena Munduruku, no Pará. O território é um dos principais alvos de garimpeiros.

O avanço da mineração ilegal também atinge fortemente outra Terra Indígena na Amazônia: o Território do povo Yanomami, localizado entre os estados do Amazonas e Roraima. Um relatório produzido pela Hutukara Associação Yanomami (HAY) em parceria com a Associação Wanasseduume Ye’kwana (Seduume) mostra que de janeiro a dezembro de 2020, uma área equivalente a 500 campos de futebol foi devastada na TI Yanomami. “Quinhentos hectares de floresta Amazônica foram destruídos pelo garimpo ilegal nesse território indígena. O total de área desmatada é de 2.400 hectares – e somente em 2020 o aumento foi de 30%”, destaca o documento.

Com a pandemia, os ataques de garimpeiros a esses dois territórios indígenas aumentaram ainda mais. Na TI Yanomami, as ameaças e intimidações se tornaram parte da rotina. Em junho de 2021, as lideranças, denunciaram que grupos de garimpeiros fortemente armados atacaram indígenas em três comunidades da região.

Situação semelhante tem sido vivida pelos indígenas Munduruku. Nos meses de maio e junho deste ano garimpeiros incendiaram casas de lideranças da aldeia Fazenda Tapajós, em Jacareacanga, no sudoeste do Pará. Os indígenas também relataram um ataque contra um ônibus que levaria lideranças até Brasília afim de formalizar as denúncias contra a instalação de garimpos em terras protegidas por lei.

O assunto foi pauta no quinto episódio do podcast Carta Amazônia, conteúdo jornalístico produzido pelo site Carta Amazônia em parceria com a plataforma Rede Pará. No programa, a líder indígena Munduruku, Alessandra Korap, e o vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, Dário Kopenawa, relatam os rastros do desmatamento e da violência deixados pelo aumento das atividades de garimpo em Terras Indígenas da Amazônia.

O podcast Carta Amazônia está disponível neste site, no YouTube e nas principais plataformas de áudio.