O “Chamado à Ação sobre Manejo Integrado do Fogo e Resiliência a Incêndios Florestais”, proposto pelo Brasil, reconhece os incêndios como um dos efeitos mais devastadores da crise climática e propõe uma transição da resposta emergencial para a prevenção sustentável

Da Redação

Durante os debates da Conferência Mundial do Clima, em Belém (PA), cerca de 50 países endossaram o “Chamado à Ação pelo Manejo Integrado do Fogo e Resiliência a Incêndios Florestais”. O compromisso global propõe uma mudança de paradigma: sair da reação imediata aos incêndios para adotar estratégias preventivas, integradas e sustentáveis de manejo do fogo, conectando clima, biodiversidade e planejamento territorial.

O documento orienta a criação da cooperação internacional ampliada, com compartilhamento de tecnologias, fortalecimento de sistemas de alerta precoce e financiamento para ações de resiliência. Também reconhece o protagonismo de povos indígenas e comunidades locais como guardiões dos saberes tradicionais e atores centrais na prevenção e recuperação das florestas.

“Afirmamos que elevar o Manejo Integrado do Fogo à condição de prioridade global é fundamental. Priorizar o MIF garante a resiliência das florestas e de seus serviços ecossistêmicos, promove a adaptação climática, contribui para a mitigação da mudança do clima por meio da proteção dos estoques de carbono, amplia a cobertura florestal e conserva a iodiversidade”, destaca o documento. 

“Quando falamos em Manejo Integrado do Fogo, as pessoas logo pensam em queima prescrita feita com a finalidade de manejo para reduzir quantidade de capim e evitar o fogo. No entanto, a queima prescrita é uma das ferramentas do MIF, mas o MIF é muito mais do que isso: ele trata sobre o que as pessoas precisam saber para que o fogo não vire uma arma e estabelece parâmetros, governança e articulações para combater o fogo, o que é fundamental”, afirma Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).

No Brasil, a pauta de prevenção aos incêndios florestais avançou nos últimos ano com a aprovação da Política Nacional do Manejo Integrado do Fogo (PNMIF, Lei n.14.944/2024) que entre outras coisas estabelece como um dos seus objetivos “prevenir a ocorrência e reduzir os impactos dos incêndios florestais e do uso não autorizado e indevido do fogo, por meio do estabelecimento do manejo integrado do fogo”.

Estratégia Federal de Voluntariado no MIF

O IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas foi um dos principais articuladores do PNMIF. Dentro da sua frente de Políticas Públicas, o instituto ajudou a criar a Estratégia Federal de Voluntariado para Manejo Integrado do Fogo, que em breve deve se transformar em política pública. A medida promete orientar a participação de voluntários da sociedade no tema, reconhecendo sua contribuição para a proteção de paisagens, territórios, culturas e modos de vida das populações locais, para a conservação da biodiversidade e para o equilíbrio climático.

Um levantamento realizado pelo projeto Voluntariado no Manejo Integrado do Fogo, do IPÊ, no primeiro semestre de 2023, identificou cerca de 200 brigadas voluntárias e comunitárias voltadas para a prevenção e o combate a incêndios florestais e outras atividades de conservação ambiental no Brasil.

Além das brigadas voluntárias e comunitárias, também foram identificados centenas de voluntários que atuam de forma individual ou coletiva em atividades ligadas ao manejo integrado do fogo, como prevenção e combate aos incêndios florestais, educação ambiental, pesquisa e monitoramento e recuperação de áreas degradas.

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Foto de capa: Samara Maciel – Instituto Cafuringa

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