Em entrevista ao podcast Carta Amazônia, o líder indigena Dário Kopenawa fala sobre o silenciamento das autoridades em relação às denúncias sobre o garimpo ilegal e a crise humanitária Yanomami

Ao logo dos últimos quatros anos foram inúmeros os pedidos de socorro das lideranças indígenas sobre as violações provocados pelo garimpo ilegal no território Yanomami. Em todas as instâncias dos três poderes da União e internacionais, não faltaram pedidos formais e documentações para denunciar a violência, o etnocídio e a desassistência sanitária na maior reserva indígena do Brasil, localizada entre os estados de Roraima e Amazonas.

Em maio de 2022 a ONU – Organização das Nações Unidas publicou uma nota externando profunda preocupação com os constantes episódios de violência sofridos pelo povo Yanomami. Segundo o documento, as diversas denúncias feitas nos últimos anos sobre mortes e desaparecimento de indígenas mostravam a urgência das autoridades para garantir a proteção da etnia.  

Neste mesmo período, a APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil entrou com uma petição no Supremo Tribunal Federal, solicitando a proteção do povo Yanomami contra os intensos ataques do garimpo ilegal na terra indígena.  A APIB denunciou a conivência do governo federal com os crimes cometidos pela expansão do garimpo na região.

Mas apesar dessas inúmeros formas de denúncia, a situação de descaso continuava a mesma no território Yanomami. Diante da falta de cuidados básicos, as comunidades indígenas entraram em colapso, com crianças e idosos morrendo de desnutrição ou de doenças como vermes, pneumonia e diarreia. Segundo levantamento do site Sumaúma, nos últimos quatro anos, 570 crianças da etnia morreram de causas evitáveis

Para o líder indígena Dário Kopenawa, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, a crise humanitária, que tomou uma proporção internacional nas últimas semanas, é a consequência direta da política anti-índigena do governo Bolsonaro.

“A situação do povo Yanomami não é de hoje, já estamos alertando isso há quatro anos. Essa situação se agravou muito nos últimos meses, mas não é uma novidade. Vários órgãos públicos, autoridades, instituições não governamentais e sociedade brasileira, já estavam avisada disso há muito tempo. Mas ninguém nos ouviu. Não ouviram o nosso pedido de socorro, não ouviram a voz do povo yanomami” afirma o líder indígena.

Em entrevista ao podcast Carta Amazônia, Dário Kopenawa fala sobre a violação dos direitos indígenas, a conivência do governo Bolsonaro com o avanço do garimpo ilegal e repercussão da crise humanitária dos Yanomami.

O podcast Carta Amazônia é produzido com apoio do programa Diversidade nas Redações, da Énois, um laboratório de jornalismo que trabalha para fortalecer a diversidade e inclusão no jornalismo brasileiro.

O programa está disponível neste site, no YouTube e nas principais plataformas de áudio.