Indigenas e integrantes de movimentos sociais realizaram um protesto na tarde desta segunda-feira (08), em Belém, para pedir justiça para mais um episódio de violência contra indígenas Tembé, ocorrido no município de Tomé-Açu, nordeste paraense. Na manhã de ontem (07), segundo a Federação dos Povos Indígenas do Pará (FEPIPA), quatro lideranças Tembé foram baleadas por seguranças privados da empresa Brasil BioFuels – BBF.

Este o segundo caso de atentado cometidos contra o povo Tembé, em menos de dois dias, no Pará. Na última sexta-feira (04), outro indígena da etnia foi alvejado entre as pernas por um vigilante da mesma empresa exploradora de óleo de palma. A vítima foi encaminhada para Belém, onde foi submetida a tratamento médico.

O protesto, que se concentrou em frente ao Hangar Centro de Convenções, palco da Cúpula da Amazônia – evento que reúne presidentes dos Países da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica para discutir a agenda climática e socioambiental, seguiu até a Aldeia Amazônica, onde foi realizada Cúpula dos Povos Indígenas, no último sábado (06).

Os manifestantes caminharam pelas ruas da cidade cantando uma música Tembé e segurando cartazes com dizeres: “Fora BBF”, “Chega de sangue indígena derramado”, “Queremos Justiça” e “Nosso futuro está ameaçado”.

Protesto reuniu movimentos sociais e indígenas de diversas etnias em Belém (Foto: Sidney Oliveira)

Em nota publicada nas redes sociais a FEPIPA, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) denunciaram a violência cometida contra o povo Tembé e exigiram justiça para os dois casos, que estão sendo investigados pela polícia.

“As violências precisam acabar! Não adianta os povos indígenas terem protagonismo no debate político se nossos direitos seguem sendo violados. É inadmissível lideranças serem baleadas há cerca de duas horas de distância de um evento global, que pretende propor garantias de proteção para os nossos povos”, destaca a nota das entidades indígenas.

Empresa nega a versão apresentada pelo povo Tembé

Em nota, o Grupo Brasil BioFuels negou a versão apresentada pelas lideranças Tembé e informou que o Polo de Tomé-Açu, propriedade privada da empresa, composto pela Agrovila, Administração Geral e Áreas de Infraestrutura, foi “invadido e teve equipamentos incendiados e edificações destruídas por invasores indígena”. Segundo a companhia, a reação da segurança foi para proteger os funcionários e o patrimônio da empresa, que estariam sendo ameaçados.

A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup) informou que tomou medidas para esclarecer o ocorrido e um inquérito para identificar os suspeitos foi instaurado.

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Foto de capa: Sidney Oliveira