Fora das zonas oficiais da Conferência do Clima, redes de circulação, encontros, movimentos sociais e espaços paralelos de discussão sobre agenda climática mobilizam a sociedade civil em Belém

Por Antônio Laranjeira

Existe muito debate e mobilização de enfrentamento às mudanças climáticas fora dos espaços de negociação da COP30, em Belém. Enquanto a diplomacia climática ocupa a Blue Zone e a Green Zone, áreas oficiais da Conferência Mundial do Clima, fora das zonas da ONU, organizações da sociedade civil constroem uma nova paisagem em Belém. 

Nas ruas, casas temáticas, marchas, espaços comunitários, movimentos sociais, povos indígenas, comunidades tradicionais e organizações do terceiro setor produzem e fomentam uma intensa mobilização sobre a agenda climática paralela à COP 30.  Redes de circulação, encontros, manifestações e espaços alternativos conectam movimentos sociais, comunidades tradicionais e organizações locais em defesa da conservação do planeta. Veja no mapa geral do projeto Carta Maps quase 80 locais da cidade de Belém que receberam ações e atividades paralelas à COP:

Infraestruturas de saúde e ocupações da cidade 

O lado de fora da COP também passou por redesenhos logísticos e sociais. O Carta Maps mapeou unidades de saúde pública, como UBS, UPAs, hospitais e postos móveis, que foram distribuídas para atender moradores e visitantes. Essa infraestrutura reforça como Belém precisou adaptar seu cotidiano para a escala global da conferência, mas que ainda existem desafios e limitações no SUS.

Um outro produto do projeto Carta Maps reuniu ONGs, institutos de pesquisa, coletivos e organizações amazônicas que atuaram paralelamente à COP30São grupos e instituições que transformaram Belém em um centro de articulação política e territorial fora da agenda diplomática.

Entre esses espaços paralelos, a Casa IPÊ se destacou como um polo de encontros entre comunidades tradicionais, cientistas, jornalistas, lideranças indígenas e sociedade civil. Seu papel foi ampliar debates sobre biodiversidade, clima e direitos socioambientais para além das estruturas formais da ONU, democratizando o acesso e fortalecendo vozes locais.

Marcha pelo clima e proteção de defensores ambientais

Fora dos pavilhões, a Marcha pelo Clima foi a maior demonstração pública da conferência. Quase 70 mil pessoas ocuparam Belém reivindicando demarcação de territórios indígenas, justiça climática, proteção socioambiental e o fim dos combustíveis fósseis. A marcha consolidou a narrativa de que a COP30 não pertence só aos negociadores, mas sobretudo à sociedade que vive os efeitos da crise climática.

Em meio à mobilização territorial, emergiu uma preocupação recorrente: a segurança de defensores ambientais. O Ministério dos Direitos Humanos alertou para a vulnerabilidade de lideranças indígenas, ribeirinhas, quilombolas e ativistas. Proteção aos defensores ambientais é um tema central para compreender os riscos enfrentados por quem atua no front, além do feed.

Protagonismo indígenas e disputas por representação

A COP30 multiplicou casas temáticas pela cidade. Eram espaços alternativos que operaram como laboratórios de ideias, diálogo e formação. A Casa Maraká, a Casa do Sul Global, a Casa da Sociobioeconomia e outras converteram bairros de Belém em arenas de debate contínuo. Esses centros acolheram encontros de base comunitária, seminários, assembleias e rituais, criando pontes entre saberes amazônicos, ciência e comunicação.

A presença indígena na COP30 se fortaleceu especialmente fora da Blue Zone. Lideranças e organizações tradicionais usaram as casas temáticas, marchas e espaços comunitários como plataformas próprias de articulação. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) reforçou que a participação indígena não deve ser protocolar: exige protagonismo, voz e poder real nas decisões climáticas.

Um legado que se escreve no território

Os conteúdos do Carta Maps mostram que o legado da COP30 ultrapassa resoluções diplomáticas: está registrado na cidade, nas organizações, nas casas temáticas, nas rotas de mobilização e na geografia social de Belém.

Ao publicarmos conteúdos como o mapa de hospedagensmapa da gastronomia e mapa dos espaços culturais de Belém, a equipe do Carta Amazônia respondeu às dúvidas de milhares de pessoas que chegaram a Belém neste mês de novembro. Esperamos com os dados desses mapas ajudar ainda mais habitantes e visitantes, afinal Belém sempre muda e o nosso projeto de geojornalismo continuará comprometido em “mapear dados com a cidade” especialmente após a COP30.

_________________________

Foto de capa: Bruno Peres/Agência Brasil

*Este conteúdo foi produzido: 1) coletivamente por meio de trabalho remoto (Google Workspace), 2) baseado em mapas personalizados com curadoria do conhecimento local (Google My Maps), 3) conforme dados de visitantes coletados de modo on-line (Google Maps); 4) e amparado por recursos de inteligência artificial supervisionada por humanos (Gemini e Notebook LM).

Fique por dentro das últimas notícias da agência Carta Amazônia. Participe do nosso canal no WhatsApp e receba conteúdos exclusivos direto no seu celular.