O Instituto Fogo Cruzado divulgou no último dia 11 de janeiro o  relatório mensal sobre a violência armada em Belém do Pará e região metropolitana, referente ao último mês de 2023. Os dados apontam para uma realidade preocupante, revelando um total de 53 tiroteios ocorridos durante o período de 1º a 31 de dezembro de 2023.

Durante esses confrontos, 58 pessoas foram atingidas por disparos de arma de fogo, resultando em 41 mortes e 17 feridos. Um aspecto que chamou a atenção dos pesquisadores foi o número expressivo de ataques armados sob rodas, totalizando 10 casos. Este tipo de ocorrência se refere a quando ocupantes de veículos, sejam carros ou motocicletas, abrem fogo indiscriminadamente contra indivíduos ou grupos.

A coleta de dados permitiu ao Instituto detalhar a distribuição da violência armada por município na região metropolitana de Belém:

Dados referente ao mês de dezembro de 2023

Houve um crescimento nas ocorrências de tiroteios e mortes em relação ao mês de novembro quando o Instituto começou o trabalho de mapeamento no Pará. Em novembro foram 45 tiroteios registrados  com 38 pessoas baleadas, 30 mortes e 8 feridos.

Dados referentes ao mês de novembro de 2023

Maioria dos tiroteios envolve agentes da segurança pública

Com o relatório do Instituto é possível aprofundar a compreensão dos dados com informações adicionais referentes ao  perfil das vítimas onde pode se evidenciar a desiguadade racial. Das 41 mortes registradas em dezembro do ano passado, 17 foram de pessoas negras, nove brancos, e 15 não tinham declaração de raça. Essa realidade reflete a vulnerabilidade de diferentes grupos diante da violência armada. Entre os 17 feridos, cinco eram negros, dois eram brancos e 10 não possuíam declaração de raça.

Os números gerais do relatório ainda revelam uma atmosfera preocupante de violência persistente na região envolvendo agentes da segurança pública e mostra o envolvimento significativo das forças de segurança em conflitos armados. Dos 53 tiroteios registrados, 26 estavam associados a ações policiais,

Os resultados destes dados reforçam o que há muito vem sendo falado: A população negra é a mais vulnerável e a que mais sofre mortes violentas no Brasil.   Isso mostra a  necessidade de uma abordagem multifacetada para abordar a violência armada, levando em consideração não apenas a dimensão criminal, mas também as disparidades sociais e raciais que permeiam esses trágicos eventos. O desafio exige uma resposta coordenada e eficaz por parte das autoridades, comunidade e instituições para a construção de uma sociedade mais segura e equitativa.

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O Instituto disponibiliza esses dados de forma aberta e gratuita através do link