O Ciclo de Diálogos “COP-30 com Ciência” une pesquisadores e detentores de saberes indígenas e tradicionais em evento gratuito e aberto a todos os públicos no dia 06 de junho. O debate também pode ser assistido, ao vivo, pelo canal da instituição no Youtube.
O Museu Paraense Emílio Goeldi realiza, nesta sexta-feira (6), no auditório Paulo Cavalcante, do Campus de Pesquisa, a partir das 13h, a segunda edição do Ciclo de Diálogos “COP-30 com Ciência”. A questão central dessa vez é a “Vulnerabilidade ambiental, resiliência de rios e da floresta”. Dentre as pessoas convidadas, estão a ativista socioambiental Ângela Mendes, presidente do Comitê Chico Mendes, organização batizada com o nome de seu pai, e a liderança Kayapó, Ô-é Paiakan Kayapó, cofundadora da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga). Todos os eventos são transmitidos, ao vivo, no canal do Museu Goeldi no Youtube.
A programação gratuita e aberta a todos os públicos dá continuidade aos eventos técnico-científicos da instituição voltados à reflexão sobre temas pertinentes à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-30), que será promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), no mês de novembro, em Belém.
Coordenadora desta segunda edição, a etnobotânica e pesquisadora do Museu Goeldi Márlia Coelho-Ferreira sintetiza a pergunta norteadora das duas mesas de debate. “‘O que já se sabe sobre a capacidade de recuperação dos rios e florestas da Amazônia e como esse conhecimento pode contribuir para o desenvolvimento econômico e socioambiental da região?’ Independentemente de como elas [as perguntas] estão colocadas, abrangem vários aspectos do conhecimento e de vivências distintas dos debatedores convidados”, antecipa.
Com uma longa e rica trajetória de estudos junto a povos indígenas, afrodescendentes e comunidades locais, Márlia argumenta que, para enfrentar as mudanças climáticas, “é preciso, antes de tudo, reconhecer e valorizar o conhecimento ecológico local, as práticas tradicionais relacionadas ao manejo sustentável dos recursos naturais e as adaptações ecológicas, haja vista que os territórios onde eles estão são os mais conservados”.
A pesquisadora reafirma “que não dá mais para aceitar decisões tomadas de cima para baixo, ignorando os protocolos de consulta locais, que lhes garante o direito à escuta e protagonismo na tomada de decisão. Este direito está previsto no mais importante documento nacional, a Constituição Federal, em seu artigo 231, bem como em acordos internacionais tratando especificamente dos direitos dos PI [Povos Indígenas], como a Convenção 169, da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e reafirmado na Declaração de Belém +30”.
Márlia indica trajetos complementares para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, como “a adoção de práticas de conservação e de restauração bioculturais de florestas e outros ecossistemas, práticas exitosas e adaptadas à realidade ambiental de cada território. Finalmente, diversificar as atividades econômicas, evitando a dependência de espécies vulneráveis, seja pela exploração destrutiva dos recursos, seja às mudanças climáticas. Não poderia deixar de mencionar que, cada vez mais, é preciso fortalecer e ampliar as parcerias com órgãos governamentais, instituições de pesquisa, ONGs e até mesmo empresas pratiquem princípios éticos”.
Mesas – A primeira mesa de debates conta com a participação de Marcelo Tabarelli (UFPE), ecólogo e professor da Universidade Federal de Pernambuco; Antônio Carlos Lôla da Costa (UFPA/MPEG), doutor em Engenharia Ambiental, pesquisador do Museu Goeldi, com atuação em projetos de pesquisa em ecossistemas de manguezal e floresta tropical úmida; e Ângela Maria Feitosa Mendes, tecnóloga em gestão ambiental, presidenta do Comitê Chico Mendes e fundadora do Núcleo Jovem da organização.
A segunda mesa terá as contribuições do biólogo Divino Vicente Silvério (UFRA), pesquisador dedicado a compreender como as mudanças no uso da terra afetam a biodiversidade, os serviços ecossistêmicos e o clima; Aline Maria Meiguins de Lima (UFPA), geóloga e pesquisadora, sobretudo, de recursos hídricos e gestão ambiental; e da assistente social Ô-é Kayapó, mestranda da UFPA e titular da Coordenação Regional Kayapó Sul do Pará.
Na moderação dos debates, estarão os jornalistas Guilherme Guerreiro, professora da Faculdade de Comunicação (Facom) da UFPA e repórter do site Sumaúma; e Cecília Amorim, cofundadora da agência Carta Amazônia
COP-30 – O Ciclo de Diálogos “COP-30 Com Ciência” é parte da programação do Museu Goeldi com foco nas temáticas prioritárias da conferência. Unidade de pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e com uma trajetória de quase 160 anos, o Museu Goeldi realiza, no decorrer do ano, eventos técnico-científicos, ações expositivas e ações educativas, além de produzir ferramentas de divulgação científica. A ideia é ampliar o alcance das iniciativas da instituição e contribuir para o debate global sobre as mudanças climáticas e a preservação da Amazônia.
A primeira edição do Ciclo de Diálogos ocorreu no último dia 5 de maio e debateu o REDD+. Saiba mais, clicando aqui e aqui para assistir a gravação dos debates.
O terceiro diálogo ocorre no próximo dia 24 e o tema central será “Respostas da biota amazônica frente às mudanças climáticas”, sob a coordenação da herpetóloga Ana Prudente.
Serviço:
II Ciclo de Diálogos “COP-30 com Ciência”: Vulnerabilidade ambiental, resiliência de rios e da floresta.
Dia: 06.06 (sexta-feira)
Hora: de 13h às 17h
Local: auditório do Campus de Pesquisa do Museu Goeldi – Av. Perimetral, 1901 – Terra Firme
_________________________________
Com informações da Agência Museu Goeldi
Foto de capa: Ascom/ Museu Goeldi