Natural da Terra Indígena Arara, no Acre, Samuel será mais uma voz atuante que somará nos debates da 29ª Conferência do Clima da ONU, realizada em novembro no Azerbaijão.

A participação dos povos indígenas nos debates sobre política climática e ambiental é fundamental para o enfrentamento da emergência climática no planeta. Em 2023, a Conferência do Clima da ONU (COP28), realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, contou com a maior participação indígena dentre todas as COPs da história, com 316 líderes de povos de diferentes regiões do planeta.

Neste ano, na COP29, as organizações indígenas internacionais pretendem manter essa meta e demarcar ainda mais a presença do protagonismo indígena na maior assembleia sobre clima do mundo. O jovem Samuel Arara, 23 anos, natural da Terra Indígena Arara – Igarapé Humaitá, localizada no município de Porto Walter, Acre, será mais uma voz atuante que somará nos debates da 29ª Conferência da ONU, realizada no Azerbaijão.

Desde setembro, o jovem se prepara para representar as vozes dos povos originários e das comunidades tradicionais brasileiras no evento. “Levar representatividade para espaços de decisão internacionais é desafiador e terei o prazer de representar não só as juventudes brasileiras como também a voz do meu território, dos povos indígenas e comunidades tradicionais”, destaca.

Samuel foi selecionado para integrar a delegação do coletivo Engajamundo, composta por 22 jovens brasileiros de diferentes regiões do país. Além de atuar como comunicador indígena e ativista socioambiental, ele também estuda Engenharia Florestal na Universidade Federal do Acre.

Para o jovem do povo Arara, a crise climática que enfrentamos não é algo distante, mas uma realidade palpável que afeta diretamente seu território e os modos de vida dos povos originários. “Não podemos permitir que nossa voz seja silenciada por interesses econômicos que tratam a Amazônia como um recurso a ser explorado e não como um ecossistema a ser preservado”, ressalta.

A presença de jovens como Samuel na COP29 é importante para garantir a representatividade da realidade brasileira nas negociações globais sobre o futuro das políticas climáticas. Este é um momento crucial, especialmente considerando que a próxima edição da conferência, a COP30, será sediada no Brasil em 2025. Segundo Samuel, a juventude latino-americana precisa ser ouvida e valorizada, dado o impacto desproporcional que a crise climática tem sobre a região.

Comunicação para adiar o fim do mundo

Samuel é um dos idealizadores da rede Tetepawa e defende que a comunicação indígena vai além de um meio de informação sobre os povos originários, sendo uma verdadeira missão em defesa da floresta e do modo de vida das comunidades tradicionais. Sua seleção para a COP29 ocorreu graças à sua atuação no movimento indígena e socioambiental. Para ele, sua presença na conferência não é apenas uma oportunidade, mas um chamado urgente para alertar o mundo sobre os efeitos das mudanças climáticas que já são sentidos na Amazônia.

Samuel Arara é um dos fundadores da rede Tetepawa de comunicação indígena (Foto: Isaka huni kuî)

“Minha presença na COP29 é mais do que uma necessidade, é um chamado urgente. A crise climática está queimando nossa casa enquanto o mundo assiste. A seca, a cheia, o fogo, a fumaça não são algo distante; são reais e acontecem agora. A juventude não é o futuro, é o agora. No Acre, também produzimos ciência e cuidamos das nossas florestas. Precisamos ser ouvidos e respeitados”, afirma.

O Engajamundo, organização apartidária e sem fins lucrativos, está realizando uma campanha de financiamento coletivo para custear a ida da delegação à COP29. A presença desses jovens no evento é uma oportunidade não apenas de aprendizado, mas também de incidência nos espaços internacionais de tomada de decisão, mostrando ao mundo que a juventude brasileira está engajada e pronta para atuar na defesa do meio ambiente e dos direitos dos povos tradicionais.

Com esta participação, Samuel espera inspirar mais jovens a se engajarem na luta socioambiental e fortalecer a presença indígena em espaços de poder e decisão. “É urgente alertar o mundo sobre o que as mudanças climáticas estão causando em nossos territórios. Precisamos ser vistos e ouvidos, e essa oportunidade é um chamado para que mais jovens possam incidir nos espaços tomadores de decisões”.  

Engajamundo na COP29

Para apoiar a participação da delegação na COP29, o Engajamundo está com uma campanha de financiamento coletivo em andamento. A colaboração da sociedade é fundamental para garantir que essas vozes sejam ouvidas e que a juventude brasileira possa representar o país de forma significativa em um dos eventos mais importantes sobre o futuro do planeta. Acesse https://benfeitoria.com/projeto/engajamundonacop29 e participe da campanha de doação.