Exibição faz parte da mostra Ecofalante. Filme retrata a chacina de dez trabalhadores sem-terra ocorrida no sudeste do Pará, em 2017

Em maio de 2017, forças policiais do estado do Pará mataram dez trabalhadores rurais sem terra. Os sobreviventes, um advogado e a luta por justiça dessas famílias são o mote do documentário Pau D’Arco, dirigido pela jornalista Ana Aranha. O filme chega a Belém neste sábado, 23/08, com a exibição de uma sessão especial às 19h, no Cine Líbero Luxardo, no Centur. A apresentação faz parte da mostra Ecofalante.

O documentário é uma produção da Repórter Brasil e Amana Cine em coprodução com a RioFilme. O longa-metragem ganhou 4 prêmios desde sua estreia em abril no Festival É Tudo Verdade.

As filmagens começaram em 24 maio de 2017, dia em que uma operação das polícias civil e militar do Pará executou os dez trabalhadores rurais. O crime aconteceu na fazenda Santa Lúcia, no município de Pau d’Arco, sudeste do Pará. o filme revela fatos chocantes que indicam a possível tentativa de silenciar testemunhas e encobrir o crime, que permanece impune.

Retrato íntimo  

Fernando, sobrevivente da chacina, foi o primeiro a ter coragem de depor sobre como a polícia executou seu namorado e torturou seus colegas. Vargas, advogado que defende sem-terras e indígenas, colocou sua família em risco ao assumir o perigoso caso.

O documentário acompanha esses dois personagens em sua luta por justiça e direito à terra. Fernando sai do programa de proteção a testemunhas e volta à mesma fazenda ocupada. Vargas acumula vitórias na justiça e sofre perseguição, enquanto aumenta o tom das denúncias.

Filme já conquistou quatro prêmios desde a estreia em abril de 2025 (Divulgação / Repórter Brasil)

Reviravoltas  

Quatro anos após a chacina, “Pau d’Arco” registra fatos surpreendentes: a prisão arbitrária do advogado Vargas e novas ameaças para calar Fernando e outras testemunhas. O momento mais dramático é quando essas ameaças se concretizam e Fernando é executado com um tiro na nuca.

É quando a diretora se vê obrigada a sair de trás das câmeras para entrar em cena e apurar a prisão de Vargas e a morte de Fernando. O filme é uma investigação em curso que pode mudar o rumo do julgamento dos policiais autores da chacina – até hoje livres, na ativa, e sem júri marcado.

Contexto 

O episódio de Pau d’Arco representa a continuidade da violência no campo paraense, ecoando casos como o Massacre de Eldorado dos Carajás, que completa 29 anos de impunidade. A repercussão do filme pode ajudar a pressionar o governo a transformar em assentamento a ocupação onde vivem 200 famílias sem-terra. Em março de 2025, o Governo Federal iniciou a regularização, mas o processo ainda não foi concluído.

Ao jogar luz sobre os trabalhadores rurais que estão na Amazônia Paraense plantando com sistema agroflorestal, o filme reforça o papel desses produtores como aliados do clima, tema central no ano da COP 30 que será realizada em Belém.

Reconhecimento 

O documentário já conquistou quatro prêmios desde sua estreia em abril: Melhor Longa-Metragem pelo Júri na Mostra Ecofalante de Cinema 2025, e três prêmios no Festival de Cinema Guarnicê: Melhor Direção, Melhor Design de Som e Melhor Trilha Sonora Original. O filme teve estreia nacional no É Tudo Verdade 2025, considerado o mais importante festival de documentários da América Latina.

SERVIÇO 

Pau D’Arco (89 minutos / 2025)

Sessão especial em Belém dentro da Mostra Ecofalante: 
 Sábado, 23 de agosto, 19h
 Local: Cine Líbero Luxardo

Sessão seguida de debate com a diretora Ana Aranha e o advogado José Vargas. Os ingressos são gratuitos e distribuídos no local. Sujeito à lotação.  

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Foto de capa: Divulgação / Repórter Brasil