De acordo com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, a adesão à OPEP+ segue na contramão do equilíbrio climático. A costa do estado do Amapá é uma das regiões que está na mira da indústria petrolífera internacional. O local abriga ecossistemas variados, como mangues, florestas tropicais e o Grande Sistema de Recifes da Amazônia
O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) criticou a decisão do governo brasileiro de aderir ao fórum de diálogo da OPEP+, grupo de países aliados da Organização dos Países Exportadores de Petróleo. A adesão foi divulgada nesta terça-feira, 18, pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, após reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
Para o IPAM, a decisão insiste em um erro que mancha a reputação do Brasil no ano em que o país sediará a COP30.
“O Brasil insiste em caminhos opostos em um momento no qual deveria liderar pelo exemplo. Investir em petróleo é atrasar o desenvolvimento nacional inteligente. Pior: é jogar tempo e dinheiro naquilo que vai nos matar. É uma surpresa negativa para todos os que confiam no Estado brasileiro para conduzir uma transição justa e para longe da exploração fóssil – necessárias se quisermos sobreviver nesta Terra”, afirmou André Guimarães, diretor executivo do IPAM.
Segundo ele, ao integrar a aliança com grandes produtores de petróleo do mundo, o Brasil protagoniza um momento de pressão política para a liberação de estudos sobre a exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas.

“Há alternativas à exploração petroleira, inclusive já adotadas pelo Brasil. O país tem sua matriz energética majoritariamente renovável, na qual deve-se investir para que seja limpa de impactos socioambientais, além de buscar soluções para fonte de energia em biocombustíveis”, destacou Guimarães.
Na contramão do equilíbrio climático
De acordo com o IPAM, a adesão à OPEP+ segue na contramão do equilíbrio climático. A entrada do país na Organização dos Países Exportadores de Petróleo ocorre depois do ano mais quente da história da humanidade e o primeiro a ultrapassar 1,5°C acima da temperatura média global antes do surgimento da indústria.
Guimarães ressalta que a decisão contradiz os compromissos climáticos assumidos pelo Brasil e a busca pela liderança da agenda junto aos demais países na apresentação de maiores ambições para as metas climáticas nacionais.
“O ano de 2024 foi marcado por eventos climáticos extremos no Brasil e no mundo, causando mortes evitáveis. Acontecimentos como estes só irão diminuir se as políticas nacionais e internacionais se voltarem para a energia limpa, para o desmatamento zero e para a agropecuária de baixo carbono”, pontuou o diretor.
O ministro de Minas e Energia informou que o fórum trata sobre discussão de estratégias dos países produtores de petróleo e minimizou as críticas das entidades ambientalistas.

“Não devemos nos envergonhar de sermos produtores de petróleo. O Brasil precisa crescer, se desenvolver, gerar renda, emprego, tributos para poder aplicar em educação, segurança e saúde. E o petróleo ainda é uma fonte energética global. Eu também sou ambientalista, talvez até mais do que eles. Quero entender o que está por trás desse discurso de que é uma contradição participar de um fórum que discute transição energética “, disse Alexandre Silveira.
Sobre a Opep+
Criada em 1960, a Opep reúne 13 grandes produtores de petróleo, incluindo Arábia Saudita, Irã, Iraque, Emirados Árabes Unidos e Venezuela. A Opep+ é uma extensão do grupo e inclui países aliados que, embora não sejam membros plenos, colaboram na regulação da produção e na mediação de políticas do setor.
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Foto de capa: Victor Moriyama / Greenpeace